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Setembro acabou, mas a luta pela prevenção do suicídio continua!

Setembro acabou, mas a luta pela prevenção do suicídio continua. Leia mais no Blog Ceisc.

Última atualização em 20/02/2024
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Chegamos ao fim do mês de setembro, no qual, foi dedicado a retratar a importância de dialogarmos sobre esse assunto, tido ainda como tabu socialmente. O setembro amarelo é uma campanha alusiva que foi criada para prevenção do suicídio. Todo ano ao aproximar-se do mês, o assunto surge à tona, recebendo maior enfoque pelas redes sociais e mídias.

No entanto, minha ressalva é para que possamos refletir sobre os fatores decorrentes do suicídio o ano inteiro, visto que, o Brasil segue sendo um dos países com maior índice de suicídio. E também atentar para o cuidado ao discutir o tema que tende às vezes a cair em uma perspectiva sensacionalista, simplista e genérica que não abrange o grau de complexidade destas ocorrências que requerem o manejo de profissionais capacitados para isso (psicólogos e psiquiatras). 

Pesquisas recentes apontam que, a partir de uma perspectiva epidemiológica, coexistem diversas variáveis que incitam o fenômeno, destacando-se os fatores demográficos e biopsicossociais.

Embora o sofrimento mental acometa todas as classes sociais, com a crescente precarização social, houve modificações micro e macrossociais no tecido social que contribuíram para o aumento do suicídio. Nesse sentido, não se pode cometer o equívoco de reduzir o suicídio a um ato individual ou isolado, visto que ele é de uma ordem coletiva e multifatorial.

Entendendo que o sujeito é atravessado pelo mundo e por suas relações, não podemos deixar de mencionar os impactos provocados pela desigualdade social no que tange o suicídio. Pessoas que se encontram em uma situação de vulnerabilidade social em que se deparam com a impossibilidade de acesso às condições dignas para existir, enfrentando diariamente a não supressão de suas necessidades básicas, tais como acesso à moradia, saúde, alimentação, trabalho.

Fortalecimento de políticas públicas é importante

Penso que começar pelo fortalecimento e investimento das políticas públicas que possam assegurar cuidado, além de reforçar a necessidade do (re)estabelecimento de programas preventivos dentro de organizações e instituições privadas para que amparem as demandas emocionais, é o início de um caminho. 

Além disso, as ações implementadas precisam ser mais efetivas no sentido de que não sirvam somente como apaziguadoras que não tratam ou aprofundam a origem do problema. Mas que possam servir como uma maneira de prevenção ao cuidado para com à saúde mental, proporcionando mudanças estruturais para que o sofrimento e adoecimento mental sejam evitados. O interesse por ações preventivas, precisa ser contínuo para que assim seja possível promover efeitos positivos longitudinais.

Discutir sobre ações preventivas nos espaços em que circunscrevemos nossas histórias é de extrema importância, uma vez que, quando o tema suicídio é silenciado, estamos falando de um sofrimento que não está recebendo lugar e nem mesmo a atenção para que se construa estratégias de enfrentamento no qual proporcionem acolhimento e uma compreensão subjetiva do sofrimento.

Por isso, lembre-se

A Saúde Mental de uma pessoa está relacionada à forma como ela se sente diante da vida, reconhecendo suas habilidades, capacidades, desejos, emoções e pensamentos.

Ter saúde mental é:

Bem-estar mental, físico e social;

A garantia de condições dignas para se viver;

Dar espaço para sentir as emoções boas, mas também aquelas que provocam desconforto, mas que fazem parte da vida;

É muito mais que a ausência de doença.

Precisamos lembrar que este é apenas o início de uma longa caminhada que ainda temos pela frente e quanto mais falarmos sobre saúde mental, maior será a possibilidade de prevenção.

E sabe como você pode contribuir de maneira que transforme essa realidade? Demonstrando solidariedade com o próximo e priorizando o cuidado com a sua saúde mental através do apoio especializado de profissionais da saúde mental (psicólogo e psiquiatra) que poderão lhe ajudar nesse percurso. A mudança passa pela possibilidade de escutar-se para se autoconhecer e reaver a própria história. 

O suicídio infelizmente é um desfecho para uma situação extremamente complexa que abrange uma série de fatores que ocasionam tamanho sofrimento. Frente a uma pessoa que se encontra nesse dilema de romper com a própria vida, lembre-se que julgar, criticar ou até mesmo aconselhar com base em suas crenças, poderá causar ainda mais sofrimento. Por isso, muito mais do que aconselhar ou criticar, ouça o que o outro tem a lhe dizer. Oferecer uma escuta afetiva e interessada no que o outro está trazendo, poderá fazer com o que esse outro reflita e saiba que tem alguém no qual possa contar/confiar.

Dados alarmantes apontam para problema de saúde pública

Com dados cada vez mais alarmantes, não falar sobre o suicídio é vendar os olhos para um problema de saúde pública que enfrentamos mundialmente.

Mas e se combatêssemos o suicídio pela disseminação do cuidado com a saúde mental? E se ao invés de ignorar o assunto, pudéssemos encará-lo de frente pensando na adoção de medidas preventivas e de reconhecimento da sua existência? E se ao invés de pensarmos o que motiva um suicídio, refletíssemos sobre o que pode evitar um suicídio?

Mas e como podemos prevenir o suicídio?

Reconhecendo os “gatilhos” e fatores de risco que podem influenciar nessas situações:

- Acontecimentos externos: perda de algum ente querido, perda do emprego, problemas financeiros; 

- Fatores internos: sofrimento psíquico intenso geralmente não tratado;

- Tentativas anteriores;

- Histórico de automutilação ou práticas autodestrutivas;

- Mudanças de comportamentos;

- Falas autodepreciativas;

-  Isolamento social e afastamento das relações;

-  Ausência de uma rede de apoio (família, amigos, colegas de trabalho);

- Falta de perspectivas e esperança;

Por isso, fique atento a esses sinais e aprenda a acolher as suas emoções e as emoções do outro. É importante considerarmos que falar sobre o que estamos sentindo pode mudar essa realidade, pois tudo que a boca cala, o corpo fala. Não se envergonhe em buscar por ajuda. Expressar os seus sentimentos não é sinônimo de FRAQUEZA. Mas sim, um ato de CORAGEM em querer enfrentar o seu sofrimento! Você não está sozinho(a).

Reflita

Uma conversa, um abraço ou um simples “estou aqui” podem ser revolucionários!

Amarele-se todos os dias!

Com carinho, psicóloga Caroline Maria Nunes. CRP 07/28381

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