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OAB 1° e 2° fase

Conflito em Gaza: o que você precisa saber (Parte II)

Professor do Ceisc, Bruno Segatto, apresenta os desdobramentos atuais do conflito entre israelenses e palestinos, que tem deixado o mundo em alerta.

Última atualização em 20/02/2024
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Concluindo o nosso breve histórico sobre o conflito em Gaza, nesta semana, o professor do Ceisc Bruno Segatto, traz os desdobramentos atuais e os motivos que levaram ao recente ataque do Hamas ao território israelense, que misturam aspectos históricos (perdas territoriais, o, criação do Estado de Israel sem o consentimento dos árabes, deslocamentos populacionais etc.) com acontecimentos recentes.

Motivos para o ataque do Hamas e do Hezbollah e argumentos de Israel

Desta forma, os motivos que levaram ao recente ataque do Hamas ao território israelense misturam aspectos históricos (perdas territoriais, o, criação do Estado de Israel sem o consentimento dos árabes, deslocamentos populacionais etc.) com acontecimentos recentes, como celebrações judaicas nas proximidades da Mesquita de Al-Aqsa, o controle sobre a circulação da população palestina por meio de checkpoints, o desalojamento de árabes de suas casas no bairro de Sheikh Jarrah, a concretagem de reservas de água utilizadas pelos palestinos na Cisjordânia, dentre outros.

Os mesmos motivos acima listados instigaram outro grupo radical a agir contra Israel. Mísseis do grupo libanês Hezbollah foram disparados contra o território norte israelense. Assim como o Hamas na Faixa de Gaza, o Hezbollah também construiu túneis para conectar as suas bases militares e até mesmo para invadir o território israelense. Acredita-se que o “metrô de Gaza” tenha centenas de quilômetros e reúna diversos compartimentos que servem para o armazenamento de armamentos, munições e a proteção dos soldados do Hamas.

O governo de Israel alega que os checkpoints precisam ser realizados para garantir a segurança de sua população, caso contrário ela estaria exposta a eventuais atentados a bomba, armas de fogo ou armas brancas. Além disso, o governo israelense alega que a sua expansão territorial se deu por meio da vitória em conflitos armados e que, de qualquer modo, as terras ocupadas não pertencem a nenhuma entidade estatal, tendo em vista que o estado palestino não foi criado.

Desdobramentos?

Ainda é demasiado cedo para apontar as consequências desta nova onda de violência na região. Cabe salientar, porém, que o governo de Benjamin Netanyahu pode sair fortalecido em caso de vitória esmagadora ou enfraquecido, caso os reféns levados pelo Hamas (de forma inédita) não sejam resgatados. Além disso, o Primeiro-Ministro também pode vir a ser responsabilizado pela falha no sistema defensivo do país que teria permitido um ataque do Hamas naquelas proporções. Estas “derrotas” seriam decisivas para uma eventual queda de Netanyahu, pois o premiê vinha tendo quedas nos índices de popularidade desde que endossou uma polêmica proposta de reforma da Suprema Corte.

Para o Hamas, uma invasão israelense por terra pode vir a ser fatal na medida em que seus túneis sejam localizados, mapeados e destruídos. No entanto, uma operação desta magnitude demoraria muito tempo e geraria ainda mais mortes, sobretudo de civis inocentes palestinos que não têm conseguido sair da Faixa de Gaza. O território se encontra bloqueado por cercas e muros na fronteira com Israel e a passagem de Rafah, na fronteira com o Egito, só foi aberta para a entrada de ajuda humanitária.

Um prolongamento da contenda pode aumentar a pressão da comunidade internacional sobre o governo de Israel. O país tem sido criticado em sessões da Assembleia Geral e do Conselho de Segurança das Nações Unidas, bem como por presidentes de países como Colômbia, Turquia, Brasil, Rússia e China.

A paz ainda deve demorar para chegar na região do conflito

Além das mortes e da destruição material que ainda seguirão acontecendo, outra certeza que se tem até o momento é que o conflito tende a favorecer a Rússia em sua guerra contra a Ucrânia, pois a nova guerra desviou o foco de Washington de Kiev para o Oriente Médio. Por fim, a última certeza que se tem é que a paz na região só será alcançada com o cumprimento do plano de partilha da ONU, ou seja, com a criação de dois estados respeitando os limites anteriormente estabelecidos. Isso significa que tanto israelenses quanto palestinos terão de ceder parte de suas reivindicações para se alcançar a paz. Nesse momento, percebe-se que no nível em que a confrontação chegou atingir a paz se torna mais difícil do que fazer a guerra. Exige muito esforço dos dois lados.

Embora o escritor israelense Amós Oz tenha dito que árabes e judeus precisarão aprender a viver juntos, uma vez que nem um nem o outro sairá da região, aparentemente este convívio está longe de acontecer, e a Terra Santa continuará permeada de escombros e manchada de sangue.

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