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A quantas anda a pacificação da Colômbia? Histórico e Atualidades

Nesta primeira parte, um resgate histórico de um país que traz no seu passado as marcas da violência, e que desde 2016, tenta colocar em prática seu processo de pacificação.

Última atualização em 20/02/2024
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Em 2016, o governo colombiano assinou um acordo de paz com as FARC, mas aquele foi somente o ponto de partida de um processo que tem se mostrado complexo e difícil de ser concluído em um país de histórico violento.

Antecedentes: histórico de violência

A violência faz parte da trajetória política da Colômbia desde o seu processo de independência, obtido por meio de guerras contra a Espanha nas décadas de 1810 e 1820. Principal líder na luta pela independência na região, Simón Bolívar conseguiu libertar a Venezuela, a Colômbia e o Equador do jugo espanhol e formou a República da Grande Colômbia, reunindo aqueles países. No entanto, na década de 1830, as divergências entre colombianos, equatorianos e venezuelanos fizeram o sonho bolivariano se despedaçar em repúblicas independentes: Venezuela, Colômbia e Equador.

Posteriormente, o país esteve dividido por décadas entre liberais e conservadores. Inclusive, entre 1899 e 1902, estes dois partidos protagonizaram a Guerra dos Mil Dias. O conflito resultou em milhares de mortes e na independência do Panamá, que pertencia à Colômbia. Embora tenha terminado o conflito, o país continuou passando por momentos de violência política extrema, como em 1948. Naquele ano, o político liberal Jorge Eliécer Gaitán foi assassinado com disparos à queima roupa no centro de Bogotá. A reação dos liberais desencadeou dias de destruição da capital, que ficou conhecido como Bogotazo. O episódio deu início a mais uma década de confrontação política que ficou conhecida como La Violencia (1948-1958).

Homenagens a Jorge Eliécer Gaitán no local em que foi assassinado em Bogotá, em 1948.

Foto: Bruno Segatto (julho de 2023)

Anos 60-70: surgem os grupos guerrilheiros e paramilitares

Durante estas décadas de violência e incapacidade do exercício do monopólio da violência por parte do Estado, proliferaram grupos guerrilheiros em áreas rurais do país. Nas décadas de 60 e 70, então, surgiram grupos como as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), o Exército de Liberação Nacional (ELN), o Movimento 19 de Abril (M-19), dentre outros. 

Estes movimentos se inspiraram no exemplo da Revolução Cubana de 1959, onde uma guerrilha rural havia derrotado o governo e iniciado uma revolução de caráter socialista. Aproveitando-se das ausências do Estado colombiano em áreas rurais do interior do país, estas guerrilhas tomaram o controle de várias porções do território nacional. 

Para reagir ao avanço das guerrilhas de extrema-esquerda, formaram-se grupos de paramilitares de extrema-direita. Estas agrupações armadas eram financiadas por grandes proprietários de terras e apoiadas por governos colombianos. Posteriormente, estes grupos se uniram e formaram as Autodefensas Unidas de Colombia (AUC). A partir de então, o xadrez político colombiano se complexificou, pois os diferentes atores envolvidos estabeleciam alianças contra inimigos em comum. Por exemplo, houve momentos em que os paramilitares se aliaram a determinados grupos de narcotraficantes contra as guerrilhas e outros grupos narcos. No meio deste fogo cruzado estava a população colombiana.

Anos 80-90: entram em cena os cartéis

Aproveitando-se do imenso mercado consumidor norte-americano, organizaram-se grandes cartéis dedicados ao cultivo e exportação de cocaína. Os maiores cartéis estavam sediados nas cidades de Cali e Medellín e tiveram como principais protagonistas líderes como Pablo Escobar, Carlos Castaño,  Gilberto Rodriguez Orezuela, dentre outros.

Nesse cenário, guerrilhas, paramilitares, governo colombiano e cartéis tornaram a Colômbia um dos países mais perigosos do mundo. Assassinatos, execuções sumárias, sequestros e atentados a bomba viraram rotina em um país com um histórico violento. Milhares de pessoas perderam a vida por causa dos conflitos, enquanto outras milhares perderam casas e terras, pois tiveram que abandonar ou vender a preços irrisórios as suas posses para escapar da violência.

Em um dos episódios mais dramáticos da história recente da Colômbia, em 1985 o grupo M-19 invadiu a sede do Palácio da Justiça do país e fez dezenas de pessoas reféns, inclusive ministros da Suprema Corte. Diante da ordem de abrir fogo contra o prédio, blindados avançaram sobre o edifício. No tiroteio seguido de incêndio, mais de 40 pessoas morreram.

Sede do Palácio de Justiça com os nomes das vítimas no ataque de 1985.

Foto: Bruno Segatto (Julho de 2023)

Nas eleições presidenciais de 90, por exemplo, três candidatos à presidência foram assassinados. A escalada da violência e as quantidades cada vez maiores de cocaína enviada aos Estados Unidos fizeram o vizinho do Norte intervir no país caribenho. Agentes da Administração de Controle de Drogas (DEA, sigla em inglês) foram enviados para a Colômbia para contribuir na luta contra os cartéis. Graças ao esforço conjunto de agentes colombianos e da inteligência norte-americana, os grandes cartéis foram sendo desbaratados: em 1993 Pablo Escobar foi morto em Medellín e em 1995 Gilberto Rodriguez Orezuela foi preso em Cali.

Embora com menor intensidade que nos anos 80-90, o tráfico de drogas segue sendo um problema para a Colômbia, os Estados Unidos e todos os países da região. Além disso, mesmo que alguns grupos guerrilheiros tenham deposto as armas, como o M-19 e as FARC, outros ainda controlam porções do território nacional, como o ELN. Assim, o processo de pacificação é algo que foi iniciado nos últimos anos, mas que segue em curso com avanços e recuos. Este será o próximo assunto da coluna Radar do Blog do CEISC.

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